Thursday 4 June 2009

Livro: O Egipto, notas de viagem

O Egipto, notas de viagem, representa um marco importante na vida e obra de Eça de Queirós. Com efeito, o estilo literário de Eça começou por ser o Romantismo. A escrita desta obra, atrvés da necessidade de registar com rigor, objectivamente,por escrito, tudo aquilo que observava num país, cuja novidade o marcou profundamente, obrigou-o "endurecer a pena", nas palavras de João Gaspar Simões. Ou seja, obrigou-o a pôr de lado os excessos sentimentais românticos, para fixar a sua escrita de uma forma que permitisse mais tarde visualizar os locais como se de uma fotografia se tratasse. Ou seja, a escrita desta obra foi um dos factores marcantes (não sendo o único) na passagem do estilo Romântico ao Realista em Eça de Queirós. Esta obra também está relacionada com as outras que temos vindo a tratar neste blog por ser mais uma forma de relatar uma viagem, sendo que esta não tem um carácter subjectivo tão vincado. No entanto as características já referidas mantém-se (embora em menor grau): relato de viagem, subjectividade e imaginário. Tal como Hergé e Ian Fleming, também Eça de Queirós cria o seu alter-ego: Fradique Mendes. Ele é-nos dado a conhecer na "Correspondência de Fradique Mendes". Este formato de correspondência, para além de servir o fim prático da publicação periódica na imprensa escrita, tem o objectivo de revelar a faceta "globettroter", que todo o "dândi" deve ter. Ou seja, um homem fino, completo e educado, tem de ser viajado e relata os sítios pelos quais passa. Um deles, obviamente, foi o Egipto. Daqui se retira a importância da viagem e do seu relato: a viagem contribui para a formação do homem e o seu registo obriga a uma afinação correcta dos sentidos para poder memorizar, e assim saborear o momento, não só na altura, mas sobretudo mais tarde......
Só como curiosidade, o leitor gostará de saber que o Egipto fascinou diversos autores bem conhecidos, ao ponto de o tornarem o cenário para as suas histórias, como Ian Fleming numa das aventuras de James Bond em "The spy who loved me", Agatha Christe numa aventura de Poirot "Morte no Nilo" e Edgar P. Jacobs em "O Mistério da grande pirâmide".
Para quem quiser saber mais sobre Eça de Queirós e o Egipto, aqui fica uma sugestão de leitura: "Eça de Querós e o Egipto faraónico" de Luís Manuel Araújo.


J

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