Sunday 29 March 2009


Leituras em dia: "tudo o que é mau, faz bem" e "is google making us stupid?"

Steven Johnson apresenta-nos a ideia de que a atenção negativa que damos aos video jogos tem uma justificação linearmente temporal, ou seja, imaginando a situação de que os video jogos haviam surgido antes dos livros teriamos uma opinião possivelmente alternada face a cada um. Considerariamos, por exemplo, os livros discriminatórios face a todos os dislexicos no mundo assim como nos assustaria a ideia de passarmos horas e horas encerrados em bibliotecas frias e impessoais a ler ( se é que esta imagem já não nos assusta mesmo!)
No fundo o que o autor pretende demonstrar é que por vezes nos esquecemos que os video jogos contém vantagens à aprendisagem e desenvolvimento do ser humano, tal como os livros. Se ao lermos estamos a cultivar a nossa imaginação ao criar mos na nossa mente um mundo que nos è descrito pelo escritor, nos video jogos este espaço já nos está criado mas temos a possibilidade de interagir com ele, modificando-o, fazemos nós a história. Se ao lermos estamos a desenvolver capacidades individuais importantes, a redobrarmos a nossa capacidade de concentração, ao jogarmos um videojogo desenvolvemos também a nossa atenção relativa a vários aspectos simultaneos e se jogarmos em rede estamos a interagir com amigos ou conhecidos, não estando propriamente sozinhos.
Os video jogos e os livros devem portanto completar-se ao invez de tentarmos sobrepor um ao outro.

O filme Final Cut
A possibilidade da nossa vida ser gravada num microchip inserido no nosso cerebro à nascença parace à primeira vista intrusiva e com uma ética duvidavel! Para quê deixarmos para trás uma memória visual como testemunho da nossa vida que se na realidade estaremos mortos e sem possibilidade de a visionarmos? No entanto, não podemos negar que esta ideia tem um certo fascínio!



Saber que as nossas memórias, com a ajuda de um profissional, acabaram por ser um marco da nossa existência, que será exibido como uma masterpiece primeiro na cerimonia fúnebre e depois quem sabe noutras diversas ocasiões. O filme tem a particularidade de não ter qualquer tipo de referencia temporal, não sabemos de facto se estamos a lídar com um futuro proximo ou com o presente se a tecnologia dos micro chips tivesse sido desenvolvida á vinte anos atrás de forma a concretizar a ideia do implante Zoe. Se calhar, analisando bem a situação, pode ser que não nos encontremos assim tão distantes desta tecnologia e podemos estar a vive-la de uma forma ligeiramente diferente. Podemos não ter um video inteiro da nossa vida mas temos o Facebook e o Hi5 onde literalmente enfiamos toda a informação que pretendemos sobre a nossa vida: quem somos, onde estudamos, quem são os nossos amigos, quais os nossos gostos musicais, etc. Depois alimentamos o monstro escrevendo no mural uns dos outros comentando o quão nos divertimos ontem na festa, depois fazemos tambem o download das fotosgrafias e dos videos da noite em questão e já agora comentamos as fotografias que um outro amigo qualquer pôs. E como quem não quer a coisa, acabamos por revelar o nosso quotidiano ao público. Tudo está a nú: todos sabem onde vamos, o que sentimos ou estamos a fazer (através do nosso status). Apesar de ainda retermos controlo sobre o que decidimos revelar ou não nestas comunidades isto torna-se cada vez mais dificil. Se decidirmos retirar do nosso status que estamos numa relação automaticamente todos os conhecidos que temos nesta web vão ter saber. È o implante Zoe em directo!
A grande diferença parece estar no facto de não termos acesso ás imagens do implante até morrermos e nessa altura estamos na mão dos cutters que ganham o papel de “juízes” ou “confessores” e que analisam ao pormenor toda a gravação decidindo o que serve e o que não serve. Passando a pente fiu, todas os bons momentos, e também aquelas vezes em que mentimos, roubamos ou mesmo fizemos algo de mal. Cautelosamente no fim o cutter junta todas as memórias construíndo aquilo que parece ser o resumo da nossa vida pronta a ser exibida ao público!



No noso contexto o facebook assume em vez de juíz, o papel de fofoqueiro: a entidade que divulga tudo o que há para saber de todos, expõem todos sem dó nem piedade! É a Gossip Girl da serie juvenil norte americana! È o jornalista que vende absolutamente tudo quer a noticia seja sobre um estranho ou sobre o melhor amigo . Não há morais nem ética pois como poderia o facebook ter ética, se é apenas uma ferramenta criada, desenvolvida e alimentada por todos nós?