Thursday 4 June 2009

Filme: The League of Extraordinary Gentlemen

A propósito de viagens extraordinárias e heróis "globettroters", aqui fica o apontamento de um filme que mistura muitos deles numa amálgama estranha, mas original:
-Alain Quartermain das minas de salomão de Ridder Haggard (traduzida para português por Eça de Queirós)
-Tom Sayer de Mark Twain
-Capitão Nemo das 20 mil léguas submarinas de Júlio Verne
-Dorian Grey do Retrato de Dorian Grey de Óscar Wilde
entre outros...

Vejam se gostam:




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Livro: O Egipto, notas de viagem

O Egipto, notas de viagem, representa um marco importante na vida e obra de Eça de Queirós. Com efeito, o estilo literário de Eça começou por ser o Romantismo. A escrita desta obra, atrvés da necessidade de registar com rigor, objectivamente,por escrito, tudo aquilo que observava num país, cuja novidade o marcou profundamente, obrigou-o "endurecer a pena", nas palavras de João Gaspar Simões. Ou seja, obrigou-o a pôr de lado os excessos sentimentais românticos, para fixar a sua escrita de uma forma que permitisse mais tarde visualizar os locais como se de uma fotografia se tratasse. Ou seja, a escrita desta obra foi um dos factores marcantes (não sendo o único) na passagem do estilo Romântico ao Realista em Eça de Queirós. Esta obra também está relacionada com as outras que temos vindo a tratar neste blog por ser mais uma forma de relatar uma viagem, sendo que esta não tem um carácter subjectivo tão vincado. No entanto as características já referidas mantém-se (embora em menor grau): relato de viagem, subjectividade e imaginário. Tal como Hergé e Ian Fleming, também Eça de Queirós cria o seu alter-ego: Fradique Mendes. Ele é-nos dado a conhecer na "Correspondência de Fradique Mendes". Este formato de correspondência, para além de servir o fim prático da publicação periódica na imprensa escrita, tem o objectivo de revelar a faceta "globettroter", que todo o "dândi" deve ter. Ou seja, um homem fino, completo e educado, tem de ser viajado e relata os sítios pelos quais passa. Um deles, obviamente, foi o Egipto. Daqui se retira a importância da viagem e do seu relato: a viagem contribui para a formação do homem e o seu registo obriga a uma afinação correcta dos sentidos para poder memorizar, e assim saborear o momento, não só na altura, mas sobretudo mais tarde......
Só como curiosidade, o leitor gostará de saber que o Egipto fascinou diversos autores bem conhecidos, ao ponto de o tornarem o cenário para as suas histórias, como Ian Fleming numa das aventuras de James Bond em "The spy who loved me", Agatha Christe numa aventura de Poirot "Morte no Nilo" e Edgar P. Jacobs em "O Mistério da grande pirâmide".
Para quem quiser saber mais sobre Eça de Queirós e o Egipto, aqui fica uma sugestão de leitura: "Eça de Querós e o Egipto faraónico" de Luís Manuel Araújo.


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Livros: Júlio Verne

Já falámos de Eduardo Salavisa, Hergé e Edgar P. Jacobs. Vamos agora falar de Júlio Verne.Porquê esta relação? Claro que têm todos em comum o facto de falarem de viagens como também já dissemos. Mas haverá algo mais? Claro que sim!Há aquilo que na minha opnião é mais importante: o facto de ser um relato subjectivo das viagens. Todos estes autores relatam as suas viagens como eles as viveram ou como gostariam de as ter vivido. Há um cunho muito pessoal nestas obras. Mas esta subjectividade tem outra implicação, que é simultaneamente a chave do seu sucesso massivo: é que a subjectividade transporta o leitor para o seu imaginário, isto é, o leitor também começa a imaginar as suas próprias viagens e aventuras, colocando-se no papel dos viajantes e sonhando com o momento em que tiver o tempo, os companheiros e a maturidade para realizar as suas próprias aventuras. Em resumo, são três as chaves do sucesso destes autores: relato de viagens, subjectividade e estimulação do imaginário do leitor, sendo esta última a mais importante, na minha opinião. Embora o relato assuma formas diferentes entre os autores, a essência de ser um relato de viagens, subjectivo e estimulante do imaginário do leitor é uma constante em todos eles. Por outro lado Júlio Verne tem mais afinidade com um destes autores em particular: Edgar P. Jacobs. Esta deve-se ao facto de ambos fazerem divulgação (ficção) científica. Utilizo as palavras divulgação e ficção como sinónimos na medida em que ambos descrevem os aparelhos tecnológicos com tal rigor, que embora inventados, parecem reais (algumas das invenções de que Júlio Verne fala nos seus livros chegaram a ser realizadas posteriormente). Assim as viagens extraordinárias apaixonaram e continuarão a apaixonar dezenas de leitores durante muitos e bons anos. Algumas obra de Júlio Verne que me marcaram: "A Ilha misteriosa","a volta ao mundo em oitenta dias","20 mil léguas submarinas","viagem ao centro da terra", "cinco semanas em balão".

Quem quiser saber mais sobre a obra de Júlio Verne pode ir a http://jv.gilead.org.il/biblio/


Podem dar também uma vista de olhos a este excerto de um documentário sobre as viagens extraordinárias de Júlio Verne:




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Livros: Blake e Mortimer


Blake e Mortimer, estes nomes dizem alguma coisa a alguém? Muito provavelmente não. Porquê? Porque não são uma banda desenhada popular como Tintin, Lucky Luke ou Astérix (prometem-se posts sobre estes dois últimos). Blake e Mortimer são livros de banda desenhada criados por um discípulo de Hergé: Edgar P. Jacobs. São sobre as viagens e aventuras de uma dupla de heróis, Francis Blake e Philip Mortimer, sempre contra o terrível Olrik. A extrema qualidade e rigor do traço de Jacobs, a fiel descrição dos cenários, das personagens e dos enredos fazem desta banda desenhada uma obra prima da BD. Já para não falar do rigor técnico, científico e tecnológico com que Jacobs introduz os avanços civilizacionais da época em que viveu, pelo que Blake e Mortimer tem algum carácter de divulgação (ficção)científica, que é inovador relativamente às bandas desenhadas do seu tempo. O rigor do desenho e do conteúdo (paisagens e tecnologias)de Jacobs faziam com que o seu trabalho fosse de uma progrssão bastante mais lenta do que a dos seus colegas, o que hoje em dia se traduz num número bastante reduzido de obras publicadas em comparação com outras bandas desenhadas (provavelmente outra das razões pelas quais Blake e Mortimer são mais desconhecidos). De qualquer forma, a obra que existe é genial e está a ser continuada por outros autores: Yves Sente e André Juillard, bem como por Jean Van Hamme e Ted Benoît (os livros de cada uma destas duplas eram publicados alternadamente, mas infelizmente, com a morte de um dos autores, a obra de Jacobs só é continuada neste momento pela equipa de Yves Sente e André Juillard).
Enunciar os títulos de cada uma das obras seria demasiado maçador, pelo que aqui fica o título da mais recente, "O sanctuário de Godwana", e o leitor se tiver interesse pode pesquisar as outras em http://www.blakeetmortimer.com/.


Já, agora aqui fica a sugestão de leituras complementares para os mais curiosos: "Un opera de papier" de Edgar P.Jacobs (Jacobs era barítono, daí o jogo de palvras);"Le monde de Edgar P. Jacobs" de Claude Le Gallo; "À propos de l'affaire Francis Blake: histoire d'un retour" de Jean Van Hamme e Ted Benoît; e, por último "Dans les coulisses de Blake e Mortimer" de Yves Sante e André Juillard.

Tal como Tintin, Lucky Luke e Astérix, também esta BD foi passada para televisão:




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Livros: Tintin

Hergé também é autor de livros de viagens. No entanto, elas são transmitidas de uma maneira diferente daquela que Eduardo Salavisa utiliza no seu diário. Hergé utliza a Banda Desenhada. Para além disso, não conta as viagens na primeira pessoa, conta-as através das aventuras do seu alter-ego Tintim (tal como Ian Fleming conta as suas experiências atrvés do seu alter-ego James Bond). Esta ligação entre o autor e a personagem é tão forte que Hergé não permitiu que a sua obra fosse continuada após a sua morte, uma vez que Hergé se revia totalmente em Tintim, tal como acontece com Ian Fleming e James Bond. Mas Hergé escreve sobre viagens. Tal como Salavisa, retrata novos mundos, novas personagens, novos quotidianos. O talento de Hergé é tão formidável que ele conseguiu desenhar as paisagens de tantos países sem nunca os ter visitado (Hergé nunca viajou, fazendo as paisagens dos paíse que desenhava atrvés da observação de fotografias). O tema das viagens é fundamental em Hergé (talvez por nunca ter viajado), não sendo por acaso que Tintin é repórter (e não jornalista, o que implica que tenha de ir mesmo para o terreno)e globettroter, pois em mais de 20 aventuras apenas uma não é passa da num país estrangeiro ("As jóias da Castafiore").
Só salientar ainda (sem querer entrar muito por aí), que ao contrário do que a maior parte das pessoas possam pensar, Tintin é muito mais do que desenhos para crianças. Antes pelo contrário, o seu significado fica muito mais bem apreendido por um adulto, uma vez que tem símbolos que escondidos que não são revelados à primeira vista (entre outras coisas, uma sátira social e uma crítica de costumes extremamente acutilante), existindo, inclusivamente, um livro de Serge Tisseron que se chama "Tintin no psicanalista", no qual é feito um paralelo entre a vida e a obra de Hergé, tendo como ponto comum o seu subconsciente.
Enfim, Tintin, é muito mais do que histórias para crianças, e é entre outras coisas, sobre relatos de viagens, tal como o diário de Salavisa.





Para quem gostar de banda desenhada pode visitar o blog do público sobre o tema:
http://lerbd.blogspot.com/ (também tem um post sobre o livro de Eduardo Salavisa). Para saber mais sobre Hergé e Tintin há um livro giríssimo de Benoît Peeters, que se chama "Le monde de Hergé" (para além da consulta electrónica http://www.tintin.be/).


Já agora, se quiserem espreitar os desenhos animados, feitos com base na BD:

http://www.youtube.com/watch?v=bX8cFWG5QQE


A propósito, também está na calha um filme de Tintin, com produção de Steven Spielberg, e no qual, também entra Daniel Craig, entre outros.


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Livro: Diários de Viagem

Eduardo Salavisa publicou um livro recentemente que se chama Diários de Viagem, desenhos do quotidiano. Este livro é uma reunião de extractos de diários de viagem de quase meia centena de autores, nacionais e estrangeiros, entre os quais, Frida Kahlo, Le Corbusier, Pablo Picasso e Lagoa Henriques. É uma apologia da subjectividade, da sensibilidade, da máxima "carpe diem". Porquê? porque apela ao gosto pessaol de cada um para parar, observar, interpretar a realidade e passá-la para o papel. Apela ao prazer da pausa, da observação, do desenho e da posterior recordação. Apela ao prazer da interpretação e à eventual partilha desse prazer com outras pessoas. Apela ao gosto por novas pessoas, novos locais, novos mundos, novos quotidianos. Apela ao prazer de desenhar, mesmo para quem não sabe desenhar (o livro tem uma secção que dá algumas dicas de iniciação ao desenho). Por estes motivos e muitos mais que o leitor descobrirá por si próprio, estes chapters têm de fazer parte da mesa de cabeceira de qualquer pessoa que se interesse por viagens, pelas memórias que ficam delas, e eventualmente, pelo prazer de desenhar e de interpretar o resultado.




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Livros

O blog chama-se takes and chapters. Mas até agora os takes têm levado vantagem sobre os chapters. Vamos tentar repôr o equlíbrio, começando por uma questão: O que é que Eduardo Salavisa, Hergé, Edgar P. Jacobs, Júlio Verne e Eça de Queirós têm em comum?
Nada? Errado, tudo! Porquê? Porque todos eles escreveram sobre viagens, umas reais, outras imaginárias, através de formas diferentes e em épocas distintas. Quer saber mais? Leia os próximos posts sobre cada um destes autores e a respectiva obra.


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